01/01/14

Do mais triste que corre dentro de nós



“Tem alturas em que me sinto capaz de tudo. Alturas em que me sinto mais viva que nunca, mais forte, mais correcta. Dou por mim a pensar no meu ego num sitio muito distante. Sinto-me capaz de tudo, com uma garra de vencer sempre, e com estofo para o que der e vier. Há alturas em que, não importa o que vem, e de onde vem, que eu sei (ou acho) que aguento, em que me sinto indestrutível, valiosa e preciosa .Até ao dia… em que tudo me mostra o contrario, em que me sai o tapete debaixo dos pés, mesmo no preciso momento em que vou saltar alto e com força. E escorrego, num trambolhão enorme e esparafatoso que resulta em mazelas por dentro e por fora. São tempos em que que vem uma vaga de desilusão e desapontamento que paira sobre mim, e que a cara indiferente e o sorriso forçado disfarçam. Fica-se sempre mal quando se quer brilhar e se falha completamente o objectivo. Como se o jogador, aos 90 minutos, numa final mundial épica, vai isolado desde o meio campo, com o adversário mesmo atrás, e parece que brilha correndo desenfreado, agitando a bancada, que sente que vai marcar um golo fácil (nem que tenha que entrar com a bola pela baliza dentro), e na hora H, o encostar da bola para a baliza sai ao lado. Decepção total - mesmo que o jogador quisesse por tudo ter marcado, nada disso lhe vale. Eu tenho uma tendência absurda para cair do 80 para o 8 muito rápido. E sinto-me prepotente com isso. Incapaz de fazer aquilo que me parece fácil. O mais frustrante é que tenho poucos objectivos para atingir, e tem saltos que dou para la chegar, em que algo falha. Falham os pés, ou as pernas, ou o corpo. O chão cede, ou salto muito alto e caio bem torta. Eu só queria fazer-te feliz. Coisa mais simples do mundo – so tenho que ser eu mesmo. E o mundo atira-me com tudo para me fazer cair. A mim e a ti. Gostava de poder dar-te o quanto tu mereces – uma felicidade eterna, um amor mais longo e infinito ainda. Dou-te tudo o que sou eu. Ponho o meu mundo inteiro à tua disposição – até porque nada me faz mais sentido do que o sentimento de te pertencer. Morro no dia em que não queiras nada disso. ”