“Tem alturas em que me sinto capaz de tudo. Alturas em que me sinto mais viva que nunca, mais forte, mais correcta. Dou por mim a pensar no meu ego num sitio muito distante. Sinto-me capaz de tudo, com uma garra de vencer sempre, e com estofo para o que der e vier. Há alturas em que, não importa o que vem, e de onde vem, que eu sei (ou acho) que aguento, em que me sinto indestrutível, valiosa e preciosa .Até ao dia… em que tudo me mostra o contrario, em que me sai o tapete debaixo dos pés, mesmo no preciso momento em que vou saltar alto e com força. E escorrego, num trambolhão enorme e esparafatoso que resulta em mazelas por dentro e por fora. São tempos em que que vem uma vaga de desilusão e desapontamento que paira sobre mim, e que a cara indiferente e o sorriso forçado disfarçam. Fica-se sempre mal quando se quer brilhar e se falha completamente o objectivo. Como se o jogador, aos 90 minutos, numa final mundial épica, vai isolado desde o meio campo, com o adversário mesmo atrás, e parece que brilha correndo desenfreado, agitando a bancada, que sente que vai marcar um golo fácil (nem que tenha que entrar com a bola pela baliza dentro), e na hora H, o encostar da bola para a baliza sai ao lado. Decepção total - mesmo que o jogador quisesse por tudo ter marcado, nada disso lhe vale. Eu tenho uma tendência absurda para cair do 80 para o 8 muito rápido. E sinto-me prepotente com isso. Incapaz de fazer aquilo que me parece fácil. O mais frustrante é que tenho poucos objectivos para atingir, e tem saltos que dou para la chegar, em que algo falha. Falham os pés, ou as pernas, ou o corpo. O chão cede, ou salto muito alto e caio bem torta. Eu só queria fazer-te feliz. Coisa mais simples do mundo – so tenho que ser eu mesmo. E o mundo atira-me com tudo para me fazer cair. A mim e a ti. Gostava de poder dar-te o quanto tu mereces – uma felicidade eterna, um amor mais longo e infinito ainda. Dou-te tudo o que sou eu. Ponho o meu mundo inteiro à tua disposição – até porque nada me faz mais sentido do que o sentimento de te pertencer. Morro no dia em que não queiras nada disso. ”
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