Ontem pensei em ti. Trocámos dois dedos de conversa por mensagem. Hoje passaste a dois metros de mim. Vejo-te de relance, durante um milésimo de segundo, o suficiente para o tempo parar e te fotografar na minha memória, depois de meses sem te ver. Quem ia contigo e quem estava comigo não sonha que as nossas vidas se cruzaram daquela maneira insana. Só nós. Que foste quem me segurou por momentos e me deu paz, antes de continuar a enterrar-me nas areias movediças em que me encontrava. Que fui o teu porto de abrigo para explodires e te refugiares do teu trabalho que desabava em ti a cada minuto do dia e da noite e te tirava anos de vida. Que entendi o que mais ninguém naquele momento entendia. Fui a única pessoa que não te cobrei nada naquele momento e te deixei ser egoísta. Até seres o ar que respirava.
Não me vês. Nem reparas em mim. Continuas igual. Voltaste a ser de carne e osso. Voltei a pensar naquele mundo que criámos onde podíamos viver e respirar. Sem angústia. Voltei a ver os teus olhos. Aqueles que misturavam um verde e um azul em simultâneo como nunca tinha visto na vida e que todos os dias ficava segundos e segundos a olhá-los, tentando definir a cor deles. Aqueles que olhavam para mim e me perguntavam às 4h da manhã com aquela voz estranha e singular "Então...como é que está a melhor parte do meu dia?". E logo a seguir sorrias como uma criança. Uma criança grande como sempre te chamei. Presa num corpo de adulto de barba rija e com responsabilidades que dão cabo de ti por dentro. Aqueles olhos que de um dia para o outro pararam de se encontrar com os meus.
'Chama-lhe sorte ou azar.'
'E se foi louca essa loucura, essa loucura foi paz.'
Fizeste-me voltar ao passado e ver diante dos meus olhos cada momento surreal que passámos juntos.
Fomos mesmo um erro necessário naquela altura das nossas vidas ou cruzámo-nos por algo mais?
Um dia hei-de ter resposta para esta pergunta. Hoje ainda não é o dia.
Um dia hei-de ter resposta para esta pergunta. Hoje ainda não é o dia.
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